Resumo de Livro

Resumo de Paraísos Artificiais – Uma doença

Narrador: narrador protagonista, não nomeado
Personagens: narrador protagonista com uma doença não nomeada.
Tempo: Cronológico, mas indefinido.
Espaço: Interior de um quarto, sendo que o locutor está numa cama.
Técnicas usadas: Relato em primeira pessoa que se revela ao final, metalinguístico.
Enredo: Neste segundo conto de Paraísos artificiais, volta o quarto, volta a cama, volta a percepção subjetiva do real, volta o solipsismo. Por estar preso a uma cama devido a uma doença, a satisfação momentânea do narrador se dá por intermédio, num primeiro momento, da catalogação de manchas e rachaduras, e, logo após, através da construção da narrativa.


O relato, de primeira pessoa, apresenta um narrador-protagonista não nomeado. Ele está doente e, por isso, é obrigado a ficar na cama o dia inteiro.
Da cama consegue divisar três paredes do quarto, parte do assoalho e uma nesga do céu. Como não tem coisa alguma para fazer, decide fazer um inventário das manchas e rachaduras presentes nas paredes, nos tacos e no teto. Primeiro constrói um “mapa”, desenhando-as num pedaço de papel. Depois, cataloga e classifica.

Nesse trabalho, entra, inclusive, a descrição de uma maçã estragada deixada ao lado de sua cama. Após algum tempo, o locutor começa a perceber que os elementos catalogados sofrem alterações. Até mesmo as imagens formadas pelo movimento que seu corpo faz no lençol são assentadas e alteradas sem parar.
Consciente da impossibilidade de sua mente conseguir registrar o progresso silencioso de todas as alterações a que o real está sujeito, o locutor se detém na análise das mudanças que a doença produz no seu corpo. Tenta, ainda, estabelecer uma relação entre todos os elementos catalogados e a progressão de sua doença.
Por fim, descobre uma rachadura no teto, a qual parece se relacionar de alguma forma com sua doença. Nos dias em que estava pior ou que não se alimentava, a rachadura progredia com maior intensidade. Pensando haver alguma correlação entre a rachadura e o estado de saúde do seu corpo, observa-os por alguns dias. Não chega a conclusão alguma, então constrói o relato que lemos.

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Atente-se para o fato de que, se o primeiro conto levanta a hipótese de que a escrita é uma forma de tentar apreender o real e registrar a permanência do corpo no tempo e no espaço, o segundo texto é uma comprovação disso, na medida em que ele nos apresenta um locutor que, nada tendo para fazer, constrói um relato sobre as mínimas alterações do espaço ao seu redor e tenta relacioná-las às modificações que a doença [não nomeada] traz ao seu corpo.

O narrador de “Uma doença” tenta comprovar que há uma relação bastante íntima entre as alterações que a doença processa em seu corpo e aquelas que o próprio real se encarrega de imprimir às manchas e rachaduras analisadas. Por isso é que levanta hipóteses [tal qual o narrador do conto anterior]: talvez eu viesse a constatar que, enquanto descruzara as pernas sob o lençol, uma nova mancha tinha surgido na casca da maçã ou na parede, ou uma rachadura no teto avançara um pouco.

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Se Paulo Henriques Britto diz serem os primeiros contos da coletânea solipsistas, o narrador desta segunda narrativa busca comprovar essa ideia, na medida em que levanta a tese segundo a qual o mundo ao redor é apenas esboço do que ele imagina. Tal qual um deus, procura ordenar o Real, através dos “mapas” que constrói: Depois coloquei em ordem todos os mapas e elaborei uma história dos movimentos geológicos do meu lençol; dividi essa história em eras e períodos, fases de construção de montanhas, épocas de vastas planícies, de grandes cataclismos e evoluções graduais.

Além das relações apontadas anteriormente, é possível perceber que o narrador do segundo conto parece, de alguma forma, se relacionar com o interlocutor do primeiro conto, pois, no primeiro conto, o locutor alude ao fato de que se alguém ficar muito tempo deitado numa cama em uma só posição, sentirá desconforto e precisará mudar a disposição em que estava. Mesmo na cadeira – lugar em que se cansaria menos –, seria preciso mudar as pernas de posição. No segundo conto, o protagonista se refere duas vezes ao cansaço advindo de ter permanecido na mesma posição e ao fato de que mudara as pernas de posição, o que permite a associação entre os dois textos.

Créditos: Prof. Manoel Neves

Estudo dos demais contos presentes na obra Paraísos Artificiais, de Paulo Henriques Britto.

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