Resumo de Livro

Resumo de Cobra Norato, de Raul Bopp

Cobra Norato vem à luz em 1931, em plena efervescência do modernismo. Raul Bopp é um dos nomes fundamentais da primeira geração do Modernismo. Murilo Mendes afirmou que “Cobra Norato é o documento capital dessa ruptura de um poeta que, tendo viajado tanto e conhecido culturas tão diferentes, permaneceu tipicamente brasileiro e levou a termo, em pleno século XX, o que os outros descobridores do Brasil tinham tentado em vão desde o início do século XVII. Na linguagem, Bopp, forjador de um léxico saboroso, fundiu sabiamente vozes indígenas e africanas, alterando a sintaxe, sem cair nos exageros e preciosismos de Mário de Andrade.

Ao lado de I-Juca Pirama de Gonçalves Dias, é tido como o grande poema épico brasileiro. Há que se considerar que quase um século separa os dois poemas. A Gonçalves Dias cabe a primazia de seu pioneirismo, poeta que abriu as portas da fronteira universal e deu passagem para a poesia brasileira. Raul Bopp vai, tal qual I-Juca Pirama, pisar chão e beber água da Amazônia, mas pisa esse chão, amassa o mato e bebe da mesma água de uma forma totalmente diferente. Não só mergulha na mitologia da terra como cria a mitologia na sua própria linguagem. O poema Cobra Norato é uma alegoria do princípio ao fim, onde a beleza mitológica da Amazônia é desvendada em toda sua pujança.

Resumo de Cobra Norato

No ventre da noite, o poeta estrangula a Cobra Norato e enfia-se em sua pele elástica para sair dos confins da floresta amazônica em direção a Belém do Pará, em busca da filha da Rainha Luzia, com quem ele quer se casar.

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O primeiro passo da caminhada é apagar os olhos, escorregar no sono e entrar na floresta cifrada. Sob a sombra fechada das árvores, entre sapos beiçudos, charco, lama, atoleiros provocados pelas águas dos rios, Norato avança e cumpre as missões impostas pelo mascarão que encontra no meio do caminho: passar por sete portas, ver sete mulheres brancas de ventres despovoados, guardadas por um jacaré; entregar a sombra para o Bicho do Fundo; fazer mirongas na lua nova; beber três gotas de sangue.

Norato cumpre as provas, mas não encontra a moça. Avança sozinho pela selva insone. O entusiasmo inicial cede a um certo desalento: ‘Onde irei eu que já estou como sangue doendo das mirongas da filha da rainha Luzia?’

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A região torna-se lúgubre. É a floresta de hálito podre, de raízes desdentadas saltando do lodo. Na Escola das Árvores, uma árvore velha enfileira impiedosa as jovens árvores condenadas a produzir as folhas que cobrem a floresta. ‘Ai, ai, ai,’ gemem elas, ‘somos escravas do rio’.

Cobra Norato alcança o fundo da floresta, onde a terra é fabricada e as árvores passam a noite tecendo folhas em segredo. Está perdido em um escuro labirinto de árvores. A atmosfera pesada prenuncia tempestade. Pernaltas movem-se devagar, miritis abrem os grandes leques vagarosos, sapos coaxam com vigor. Desaba a chuva violenta: o vento saqueia as vegetação, nuvens negras se amontoam, lagoas arrebentam, árvores se abraçam.

Norato atola-se em um útero de lama, de onde sai graças à ajuda do tatu que se transforma também em companheiro de viagem. Vem um período de descanso e também de tristeza. Onde afinal andará a filha da rainha Luzia? O tatu propõe que partam para o lago Onça-poiema. Cobra Norato refresca-se nas águas do rio, comunga com os animais que por ali pastam. Quando partem novamente para o interior abafado da floresta, a noite já está se fechando.

O tatu avisa: começa naquele dia a maré grande. Os dois rumam, pelo mangue, paras as bandas do Bailique. Querem ver chegar a pororoca. Quando a lua cheia aponta, vem a onda inchada, rolando em vagalhões. Na força da enchente, eles navegam para uma polpa de mato onde Norato descansa e cisma: ‘o que é que haverá lá atrás das estrelas?’ Mas a fome aperta e dois vão para o patirum roubar tapioca.

Na casa das farinhadas grandes, as mulheres trabalham nos ralos mastigando os cachimbos. Joaninha Vintém conta o causo do boto que a surpreendeu enquanto lavava roupa. Vendo a animação da festa, Norato e o tatu viram gente. Cantam, dançam os chorados de viola, bebem cachaça. Na hora de partir, Joaninha Vintém quer ir junto, mas Norato não aceita. Pegam o corpo que ficou lá fora e continuam viagem.

Mais adiante, uma pajelança. A onça curuana entra no corpo do pajé, que examina os doentes de sezão, de inchado no ventre, de espinhela caída. Faz benzedura de destorcer quebranto, fuma, defuma, até tontear e cair. No meio da floresta, o som longínquo de um trem Maria-fumaça acorda o mato.

Ao longe, flutuando no rio, Norato vê um navio com casco de prata e as velas embojadas de vento. Navio não, corrige o tatu. É a Cobra Grande. Quando começa a lua cheia, ela aparece para buscar moça virgem. Enquanto a visagem vai se sumindo paras bandas de Macapá, Norato resolve: quer ver o casamento da Boiúna.

A caminho das bodas, Norato pede ao vento que o deixe passar, encontra-se com o saci e com o pajé-pato que lhe arreda o mato em troca de cachaça. O herói e o tatu vaõ com força, nem se escondem para ver as moças tomarem banho na ponta do Escorrega. O tatu está aflito, apressado, mas Cobra Norato avisa: ‘Devagar que chão duro dói’.

Na casa da Boiúna, um cururu se posta de sentinela. Norato esgueira-se pelos fundos da grota e avista a noiva, que não é ninguém menos que filha da rainha Luzia. Mas Cobra Grande acorda e começa a perseguição sem fim. Norato pede a tamaquaré, seu cunhado, que corra imitando seu rastro e entregue o seu pixé na casa do pajé-pato. Em cima da hora! Cobra Grande passa rasgando caminho. Chega à morada do pajé que lhe ensina o caminho errado: ‘Cobra Norato foi pra Belém se casar’. E lá se vai a Boiúna direto para Belém. Entra no cano da Sé e fica com cabeça enfiada debaixo dos pés de Nossa Senhora.

Cobra Norato volta para o Sem-fim, para as terras altas onde a serra se amontoa. Leva consigo a noiva, para estar com ela numa casa de porta azul piquininha pintada a lápis de cor. É lá que ele espera pela gente do Caxiri Grande, por Joaninha Vintém, pelo pajé-pato, por Augusto Meyer e Tarsila, por todo povo de Belém, de Porto Alegre e de São Paulo para a festa de casamento que há de durar sete luas e sete sóis.

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