Enem

Jovem autista gabarita matemática no Enem e entra em medicina na Unesp

Alexandre Andrade de Almeida, estudante de 18 anos, teve um desempenho excepcional no último Enem. Ele acertou todas as questões de matemática, colhendo frutos de uma rotina de estudos focada e estratégica. Sua pontuação total foi de 961,9 pontos durante o segundo dia do exame, um resultado notável.

Além de ter se destacado na prova de matemática, Alexandre já foi aprovado em cursos de medicina em diversas instituições. Ele conquistou vagas na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e na Universidade Estadual Paulista (Unesp). Na Unesp, Alexandre se destacou ao alcançar o primeiro lugar na modalidade de vaga olímpica.

Perspectivas de um jovem cientista

Apesar de ter dificuldades históricas com a redação, Alexandre trabalhou arduamente para melhorar suas habilidades de escrita. “Eu tinha boas ideias, mas não conseguia me expressar bem no texto”, revela. Após um ano de prática intensa, ele aumentou sua nota em 100 pontos. O esforço valeu a pena, pois ele obteve mais de 800 na redação do Enem.

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A rotina de estudos de Alexandre foi bastante organizada e pautada por materiais didáticos da escola e pelo apoio de professores. Ele dedicava-se a escrever de duas a três redações por semana, além de focar em conteúdos específicos, como português e matemática. Refeito provas de edições anteriores, ele se preparou melhor para o desafio do Enem.

Importância das competições científicas

A participação em competições científicas, como a Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP) e a Olimpíada Brasileira de Matemática (OBM), fez uma diferença significativa em seu desempenho. “Essas competições abordam conteúdos que caem no exame, então fui beneficiado”, comenta Alexandre.

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Como resultado desse envolvimento, Alexandre não apenas aprimorou suas habilidades matemáticas, mas também adquiriu confiança para enfrentar os desafios do exame. Com um esforço focado e consistente, ele superou as expectativas e se destacou nas provas.

Organização e equilíbrio na rotina

Organização e equilíbrio foram fundamentais para que Alexandre conseguisse lidar com a carga de estudos e momentos de lazer. Ele criou um calendário, programando os horários de estudo, natação e entretenimento. “Eu tento cumprir todas as metas para manter um equilíbrio saudável”, afirma.

Além do empenho nos estudos, Alexandre também reconhece a importância de separar momentos para relaxar. Essa estratégia permitiu que ele não apenas mantivesse a produtividade, mas também cuidasse da saúde mental.

Desafios e inclusão no Exame

Alexandre é diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Ele optou por não solicitar uma correção diferenciada da redação, pois queria vivenciar a experiência de competir em igualdade no vestibular de medicina. “Queria ter a dimensão de como é concorrer e competir igual a outros candidatos”, justifica.

Ele relata que há um desconhecimento geral sobre o TEA, o que gera estigmas e apagamento das capacidades que pessoas neurodiversas possuem. “Infelizmente, as pessoas tendem a encaixar o TEA como uma deficiência, quando é apenas uma forma diferenciada de pensar”, defende Alexandre.

Reforçando a ideia de que existe estigma em torno do transtorno, Alexandre também menciona os desafios que candidatos com TEA podem enfrentar durante as provas. “Conteúdos mais abstratos de ciências humanas e redações podem ser mais complicados de interpretar”, explica.

Necessidades específicas e experiências pessoais

Alexandre admite que existem lacunas que um candidato pode enfrentar durante a prova, principalmente em relação ao ensino de conteúdos específicos. Contudo, ele consegue manter a calma durante os exames, o que contribui para seu desempenho. “No segundo dia do exame, me mantive tranquilo e focado”, revela.

Desde pequeno, Alexandre sonhava em cursar medicina. A decisão se concretizou na adolescência, quando ele participou de olimpíadas de biologia e química. “Foi então que percebi que medicina, pela combinação dessas áreas, era realmente o que eu queria”, lembra.

Agora, com a possível entrada na carreira de medicina, Alexandre espera aprofundar seus conhecimentos em áreas essenciais, como química, bioquímica, biologia, anatomia e fisiologia humana. Seu sonho é ajudar as pessoas e contribuir com pesquisas nessa área.

Expectativas para o futuro na USP

Atualmente, ele aguarda o resultado do vestibular da Universidade de São Paulo (USP), onde tem grandes aspirações de estudar. As vagas destinadas a participantes de competições de conhecimento serão divulgadas em 17 de fevereiro.

Com otimismo, Alexandre afirma que está ansioso. “Eu gostaria de aprender mais e começar a minha trajetória na medicina”, conclui.

O exemplo de Alexandre Andrade de Almeida mostra que, com dedicação e planejamento, é possível superar obstáculos. Ele inspira jovens que enfrentam desafios semelhantes e busca promover maior inclusão e reconhecimento das capacidades dos indivíduos com TEA em ambientes educacionais.

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