Governo Geisel
O governo de Ernesto Geisel, que ocorreu entre 1974 e 1979, foi um período crucial na história do Brasil. Ele representou a continuidade do regime militar instaurado em 1964, mas também trouxe mudanças significativas em relação à repressão e às políticas econômicas. Abrindo uma nova fase, este governo se debruçou sobre a importante questão da “distensão”, que visava amenizar a repressão e buscar um caminho para a abertura política.
Ernesto Geisel, engenheiro e militar, foi escolhido como presidente pela Junta Militar. Sua indicação ocorreu em um contexto de crise interna e crescente insatisfação popular com a forma autoritária de governar. O governo Geisel se caracteriza pela tentativa de conciliar os interesses dos grupos militares com as demandas de setores da sociedade civil.
Contexto histórico do governo Geisel
A década de 1970 foi marcada por um crescimento econômico significativo, conhecido como “milagre econômico“. No entanto, esse crescimento ocorreu à custa de um aumento da repressão política e de violações de direitos humanos. Nesse sentido, o governo Geisel herdou uma situação complexa.
- Milagre econômico: O auge do crescimento do PIB, com aumento de indústrias e infraestrutura.
- Repressão: O regime militar utilizou a repressão para conter a oposição, com perseguições a militantes e adversários políticos.
- Crise de legitimidade: O longo período militar resultou em descontentamento entre a população e pressões por democratização.
Geisel iniciou seu governo buscando uma abordagem mais moderada e redutiva da repressão. Assim, ele promoveu a “Distensão Lenta”, que previa algumas aberturas. O objetivo era criar um ambiente mais estável e menos problemático. Contudo, o governo ainda enfrentou severas críticas por sua abordagem cautelosa em relação aos direitos humanos.
Principal marcos do governo Geisel
Diversos eventos marcaram o governo Geisel, evidenciando suas estratégias e tensões internas. Entre os principais momentos, destacam-se:
- 1974 – O discurso de Geisel: Em seu primeiro discurso, ordeiro e equilibrado, Geisel defendeu uma abertura gradual do regime.
- 1975 – A morte de Carlos Marighella: Um dos principais líderes da resistência ao regime foi assassinado, aumentando a tensão política.
- 1976 – A Lei da Anistia: A aprovação da lei garantia, em 1979, a anistia a exilados e perseguidos políticos.
- 1977 – AI-5 em desuso: O Ato Institucional Número 5, embora não revogado, perdeu efetividade durante seu governo.
- 1979 – Fim do governo Geisel: A passagem do governo para João Figueiredo, outro general, que continuaria a abertura.
O governo Geisel revelou-se um marco no processo de abertura política que culminaria com a redemocratização nos anos seguintes. As mudanças foram graduais, mas crucial para a construção de uma nova era no Brasil.
Reformas econômicas e sociais
Durante o governo Geisel, a economia brasileira experimentou inovações significativas. A política econômica se baseou em:
- Planejamento econômico: Com a criação do Plano Geisel, houve um foco no desenvolvimento de setores estratégicos.
- Investimentos em energia: A construção de usinas hidrelétricas, como Itaipu, foi uma prioridade durante sua gestão.
- Distribuição de renda: Embora o crescimento tenha sido notável, as desigualdades sociais persistiram devido à concentração da riqueza.
As decisões econômicas enfrentaram desafios, como a inflação e a dependência das importações. Assim, o governo procurou alternativas com a política de substituição de importações e incentivo à indústria interna.
O papel da oposição
No âmbito político, embora Geisel buscasse uma aproximação, a oposição permaneceu ativa. Grupos diversos, como a Aliança Nacional de Liberdade e Partido dos Trabalhadores, começaram a se organizar contra a repressão. Protestos e movimentos sociais emergiram, exigindo mais liberdade e participação cidadã.
Um dos fenômenos que marcou a oposição foi o surgimento da cultura de resistência nas universidades. As universidades se tornaram focos de mobilização, realizando encontros e debates sobre diretos humanos e democracia. Isso impulsionou a luta contra o regime militar.
Abertura política e o legado de Geisel
A abertura política promovida durante o governo Geisel desencadeou um processo gradual de democratização. As primeiras manifestações pela liberdade começaram a ser vistas, embora com restrições. A assinatura da Lei da Anistia, em 1979, foi um evento crucial, possibilitando o retorno de muitos exilados políticos ao Brasil.
O governo Geisel é frequentemente lembrado como um período ambíguo. Se, por um lado, promoveu o crescimento econômico e a modernização, por outro, não conseguiu erradicar as práticas repressivas que marcaram o regime militar. O legado de Geisel permanece no debate sobre os limites da ação do Estado e a necessidade de justiça e memória histórica.
A transição que se iniciou sob seu governo impactou a política brasileira nas décadas seguintes. A relação entre o Estado e a sociedade passou a ser discutida com mais intensidade, promovendo a reflexão sobre os rumos do Brasil na nova república que se desenharia nos anos 80.
Assim, o governo Geisel se apresenta como uma fase cheia de nuances, onde a economia e a política se entrelaçam, definindo o rumo do país. Os desdobramentos desse período ainda ecoam na sociedade brasileira atual.
Compreender o governo Geisel é essencial para os estudantes que desejam se aprofundar na História do Brasil e entender os processos que moldaram a política contemporânea. A partir desse contexto, os desafios da atualidade podem ser analisados com mais propriedade, revelando como o passado influencia o presente e configura o futuro.
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