Governo Sarney
O governo de José Sarney, que se estendeu de 1985 a 1990, marca um período importante na história do Brasil, conhecido como a Nova República. Sarney assumiu a presidência após a morte de Tancredo Neves, que havia sido eleito indiretamente como parte do processo de redemocratização. Neste texto, exploraremos os principais eventos, personagens e desafios enfrentados durante o governo Sarney.
O Brasil saía de um longo período de ditadura militar, que durou 21 anos. A transição para a democracia trouxe esperança, mas também incertezas econômicas e sociais. José Sarney, então vice-presidente, tornou-se o primeiro presidente civil após a era militar.
Contexto e Transição para a Nova República
José Sarney assumiu o cargo em 15 de março de 1985. A expectativa era alta em relação ao seu governo. O Brasil vivia momentos de otimismo pela redemocratização. Porém, as dificuldades eram significativas. A economia estava fragilizada por uma inflação galopante e a dívida externa crescia.
O primeiro desafio do novo presidente foi implementar uma política econômica eficaz. A inflação, que já alcançava altos índices, era um problema premente. O governo Sarney tentou conter os preços através do Plano Cruzado, lançado em 1986.
O Plano Cruzado
Lançado em fevereiro de 1986, o Plano Cruzado estabeleceu novas regras econômicas. O objetivo era conter a inflação e estabilizar a economia brasileira. Algumas das principais medidas do plano foram:
- Substituição do cruzeiro por uma nova moeda: o cruzado.
- Congelamento de preços e salários.
- Criação de um novo sistema de ajuste de preços, com regras para a regulamentação.
Inicialmente, o Plano Cruzado trouxe resultados positivos. A inflação caiu bruscamente e a população celebrou a estabilidade. Porém, a medida de congelamento gerou desabastecimento. Isso ficou evidente em diversas áreas, impactando a economia de forma negativa.
Problemas Sociais e Políticos
Ainda durante o governo Sarney, o Brasil enfrentou várias crises sociais. A desigualdade social aumentava e a pobreza afetava milhões de brasileiros. Além disso, problemas políticos também surgiram. Em 1987, o Congresso Nacional iniciou a elaboração da nova Constituição, que seria promulgada em 5 de outubro de 1988.
A assembleia constituinte foi um espaço de debate intenso. Divergências entre partidos e setores da sociedade dificultaram os avanços. O clima de insatisfação gerado pela lenta recuperação econômica afetou a popularidade do governo Sarney. A tentativa de realizar reformas, como a reforma agrária, gerou polêmica e resistência.
A Nova Constituição
A nova Constituição trouxe diversas inovações ao Brasil. Entre os principais artigos, destacam-se:
- Estabelecimento de direitos sociais, como saúde, educação e trabalho.
- A estrutura federativa do Brasil, fortalecendo estados e municípios.
- A ampliação dos direitos individuais e coletivos.
A promulgação da nova Constituição representou um marco na consolidção da democracia brasileira. Contudo, as dificuldades econômicas permaneceram, e a inflação voltou a subir. A instabilidade política, somada à crise econômica, começou a criar um ambiente desfavorável para o governo.
Desafios e Crises Econômicas
Durante a gestão de Sarney, o Brasil enfrentou altos índices de inflação. Em 1989, o cenário tornou-se insustentável. O governo tentou implementar novos planos econômicos, como o Plano Verão, que tinha como objetivo controlar a inflação através de uma nova moeda, o “cruzado novo”.
Entretanto, as medidas não se mostraram eficazes. A inflação continuou a crescer, gerando forte descontentamento popular. Em resposta, Sarney buscou novamente medidas de contenção, mas a economia não se recuperava.
O descontentamento popular culminou em protestos e greves em diversas cidades. A falta de soluções claras para a crise econômica provocou uma deterioração significativa na imagem do governo.
O Legado do Governo Sarney
Apesar dos sucessos iniciais, o governo de Sarney é amplamente lembrado pelas dificuldades econômicas e crises sociais. Embora tenha contribuído para a transição democrática, a sua administração enfrentou profundas críticas. O colapso econômico e a incapacidade de controlar a inflação foram marcas do seu governo.
O governo de Sarney também enfrentou críticas por seu estilo de governança. A falta de diálogos eficazes com a sociedade e a dificuldade em articular um projeto político coeso resultaram em insatisfação popular. A corrupção também se tornou um tema de debate, com diversas denúncias durante e após seu mandato.
Ao fim de seu governo, em 1990, Sarney deixou o cargo para Fernando Collor de Mello, que foi eleito em uma transição marcada por promessas de combate à inflação. O final do governo Sarney foi um reflexo da complexidade do período e dos desafios enfrentados pelo novo regime democrático.
A história do governo Sarney é, portanto, uma parte crucial do processo de redemocratização do Brasil. Apesar de suas falhas, ele representou um momento de esperança para muitos brasileiros. A Nova República se solidificou, ainda que as dificuldades econômicas continuassem a ser um desafio a ser enfrentado pelos próximos governantes.
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