Intentona Comunista
No contexto da Era Vargas, o Brasil vivia um período de intensas transformações políticas e sociais. Getúlio Vargas, presidente de 1930 a 1945, implementou diversas reformas e enfrentou crises profundas. A Intentona Comunista de 1935 foi um dos eventos mais significativos dessa época, refletindo a polarização política e a ascensão do movimento comunista no país.
No início da década de 1930, o Partido Comunista Brasileiro (PCB) começou a ganhar força. Influenciado pelas revoluções russas e pela Grande Depressão, o PCB buscava mobilizar as classes trabalhadoras. A agitação social aumentou, e a insatisfação com o governo Vargas cresceu.
Em meio a essa tensão, em 1935, surgiu a ideia de uma insurreição armada, a chamada Intentona Comunista. O objetivo era derrubar o governo e estabelecer uma república socialista no Brasil. O PCB, sob a liderança de Luis Carlos Prestes, planejou o levante.
Os ajustes nos planos da revolução
O plano de ação previa uma revolta em várias cidades, com ênfase no Rio de Janeiro e em outras áreas estratégicas. As lideranças comunistas acreditavam que poderiam contar com o apoio de diversas facções insurgentes. Contudo, a falta de coordenação e momentos decisivos prejudicou as ações.
A preparação para a insurreição começou em 1934, quando o PCB se reestruturou. O partido contava com a colaboração de movimentos sociais e sindicatos. Entre os protagonistas desse período, destacam-se:
- Luis Carlos Prestes – O líder mais expressivo do PCB, conhecido como “Cavaleiro da Esperança”.
- Guilherme de Almeida – Importante figura nas ações do partido e no planejamento da revolta.
- João Alberto – Companheiro de Prestes e fundamental na organização dos militantes.
Em novembro de 1935, a Intentona começou de forma mais incisiva. O movimento iniciou-se a partir da movimentação em Fortaleza, no Ceará, onde os comunistas conseguiram tomar o poder local temporariamente. Contudo, as revoltas estavam longe de ocorrer em todo o país.
O desdobramento dos eventos
Após o episódio de Fortaleza, as forças de segurança do governo federal reagiram rapidamente. O Exército atuou para restabelecer a ordem, e um grande cerco foi montado. As regiões onde a revolta se intensificou receberam atenção militar especial.
Uma das batalhas mais conhecidas ocorreu em Rio de Janeiro. As tropas leais a Vargas enfrentavam as forças comunistas na tentativa de dominar as últimas posições mantidas pelos rebeldes. O combate foi sangrento, e a resistência foi breve.
- Em 19 de novembro de 1935, os rebeldes foram derrotados em ações decisivas no centro do país.
- A insurgência se espalhou para outras áreas, mas sem a mesma força, resultando em falhas.
A repressão foi severa. O governo de Vargas aproveitou a Intentona para justificar ações de controle e endurecimento do regime, levando à instauração do Estado Novo em 1937. Para Vargas, era o momento de silenciar a oposição e intensificar a centralização do poder.
Consequências imediatas e duradouras
Após a Intentona, milhares de comunistas e simpatizantes foram presos. Tortura e extradições tornaram-se comuns durante o regime de Vargas. O evento também reafirmou o pavor da burguesia e das elites sobre uma possível revolução.
A Intentona Comunista gerou um clima de medo que se alastrou pelo Brasil. Propagandas exploravam o temor do comunismo, e o governo utilizou isso para consolidar seu poder autoritário. Além disso, as críticas ao regime aumentaram gradativamente, já que muitos viam a abordagem de Vargas como tirânica.
O PCB, embora enfraquecido, sobreviveu à repressão. Com mudanças na estrutura, o partido começou a se organizar clandestinamente. O medo da revolução não se dissipou, mas a resistência comunista se reformulou na década de 1940.
Nos anos seguintes, a Intentona deixou sua marca no imaginário coletivo brasileiro. A ideia de uma luta popular por direitos e igualdade nunca foi completamente extinguida, mesmo sob um regime que buscava silenciá-la. O episódio demonstrou o poder e a fragilidade de um movimento em crescimento.
A Intentona Comunista e seus desdobramentos nos mostram como percalços da história podiam ser moldados por ideologias e o contexto social da época. O legado desse evento continua a reverberar na política brasileira até os dias atuais, evidenciando a complexidade do discurso político e das lutas sociais que permeiam a história do Brasil.
Estudar a Intentona Comunista é entender não apenas um episódio marcante da Era Vargas, mas também a dinâmica entre poder e resistência. A luta pelo poder no Brasil, ainda que em um contexto específico, reflete a batalha eterna entre diferentes visões de sociedade.
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