O que zera a redação do Enem: Erros que ferem os direitos humanos
A redação do ENEM é um dos componentes mais relevantes do exame. Sua nota pode ser decisiva para conquistar uma vaga no ensino superior público pelo SISU, além de possibilitar bolsas pelo Prouni e financiamento via Fies. Diante disso, é fundamental entender os critérios de avaliação, especialmente os relacionados ao respeito aos direitos humanos.
Entre as cinco competências avaliadas na correção da redação, a competência V exige que o estudante elabore uma proposta de intervenção social para o problema abordado no tema, sempre respeitando os direitos humanos. A violação desses princípios pode levar à anulação da redação e atribuição de nota zero, independentemente da qualidade argumentativa e da estrutura do texto.
Segundo o Inep, a proposta de intervenção deve ser viável, detalhada e compatível com a Constituição Federal. Assim, a redação deve apresentar soluções que promovam a cidadania, a inclusão e a justiça social. Ideias que contrariem esses fundamentos são consideradas inaceitáveis, pois infringem os princípios da dignidade humana.
Ferir os direitos humanos na redação do ENEM significa apresentar discursos, argumentos ou propostas que atentem contra valores fundamentais como igualdade, liberdade, não discriminação e respeito à vida. A banca corretora busca identificar posicionamentos que, ainda que implícitos, promovam exclusão, repressão ou práticas consideradas desumanas.
O exame não exige uma linha ideológica específica. Contudo, impõe o respeito aos princípios constitucionais, que asseguram a integridade e os direitos básicos de todos os cidadãos. Isso significa que a argumentação deve refletir um olhar ético e socialmente responsável, independentemente da opinião pessoal do candidato.
Entre as atitudes que ferem os direitos humanos estão a defesa de soluções violentas, como linchamentos, tortura, pena de morte ou uso excessivo da força policial. A apologia à violência, mesmo que sugerida como resposta a problemas sociais, leva à anulação imediata do texto.
Comportamentos que violam os direitos humanos na redação
Outra forma grave de violação é a reprodução de discursos discriminatórios. Isso inclui declarações ou sugestões que culpabilizem minorias, imigrantes, comunidades tradicionais, pessoas LGBTQIA+, religiões específicas ou qualquer grupo social vulnerável. Generalizações como “os pobres são responsáveis pela violência” ou “imigrantes sobrecarregam os serviços públicos” comprometem a nota e são incompatíveis com os critérios do exame.
Além disso, propor políticas públicas que resultem em segregação, esterilização forçada, retirada de direitos ou exclusão sistemática também caracteriza violação aos direitos humanos. O estudante deve ter atenção ao tipo de solução que apresenta e avaliar se ela é legalmente possível e socialmente aceitável.
Um erro comum é sugerir medidas inconstitucionais, mesmo sem perceber. Por exemplo, ao propor “retirar moradores de rua à força das vias públicas”, o estudante pode estar infringindo o direito à dignidade e à liberdade de ir e vir. Ainda que o objetivo seja resolver um problema urbano, a solução apresentada precisa considerar os direitos fundamentais dos indivíduos envolvidos.
O discurso de ódio também é analisado pela banca. Frases que incentivem a perseguição ou marginalização de qualquer grupo, ainda que disfarçadas de opinião pessoal, podem ser interpretadas como desrespeitosas. Por isso, é necessário que o candidato mantenha uma linguagem neutra, sem termos pejorativos ou ofensivos.
Vale destacar que a proposta de intervenção não deve ser apenas respeitosa, mas também bem fundamentada. O estudante precisa apresentar os cinco elementos exigidos pela correção: o agente (quem fará a ação), a ação (o que será feito), o meio ou modo (como será feito), o efeito (qual será o resultado) e o detalhamento (informações adicionais sobre a proposta).
Propostas baseadas em políticas públicas, campanhas educativas, projetos comunitários e ações sociais com foco na inclusão são bem vistas. Essas alternativas mostram que o candidato entende a complexidade dos problemas sociais e respeita os marcos legais e éticos da sociedade brasileira.
Uma estratégia importante para evitar a violação dos direitos humanos é utilizar referências confiáveis e atualizadas, como os artigos da Constituição Federal e a Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU. Isso contribui para um repertório mais sólido e demonstra responsabilidade argumentativa.
Além disso, o treino constante com temas sociais e atuais ajuda o candidato a desenvolver uma abordagem mais crítica e ética. Ao escrever sobre assuntos como desigualdade social, racismo, intolerância religiosa, violência urbana ou migração, é essencial refletir sobre os impactos sociais das soluções propostas.
Em resumo, evitar ferir os direitos humanos na redação do ENEM exige atenção ao conteúdo, à linguagem e à viabilidade das propostas. Mais do que seguir uma cartilha, trata-se de adotar uma postura cidadã e consciente diante dos desafios sociais apresentados no exame. O respeito aos princípios constitucionais é um critério objetivo e inegociável, e seu desrespeito resulta em anulação automática da redação.
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