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ENEM 2024 cobra análise de transgressão da norma-padrão por Adoniran Barbosa

(ENEM/2024) Falar errado é uma arte, Arnesto!

No dia 6 de agosto de 1910, Emma Rubião Rubinato deu luz a um garoto sapeca em Valinhos e deu a ele o nome de João Rubinato. Na escola, João não passava de terceiro ano. Não era a área dele, tinha de escolher outra. Fez o que apareceu. Foi ser garçon, metalúrgico, até virar radialista, comediante, ator de cinema e TV, cantor e compositor de samba.

Como tinha sobrenome italiano, João resolveu mudar para emplacar seu samba. E como ia mudar o sobrenome, mudou o nome. Virou Adoniran Barbosa. O cara falava errado, voz rouca, pinta de malandro da roça. Virou ícone da música brasileira, o mais paulista de todos, falando errado e imitando Vinícius de Moraes, que tocou de bico fechado depois de ouvir a música que Adoniran fez para ele e para Drummond. O Arnesto, aquele do Poeticinha. Coisa de arrepiar.

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Para toda essa gente que gosta de Adoniran, já veio uma resposta recentemente: “Gosto de samba e não falo, mas só canto”. E esse ano como compositor, pofigma ator, virou arns com as minhas letras que fui na fila do pronto-socorro. “nóis fumos”, “nóis fizemos”, “nóis pegamos”. Acontece que é mesmo do bairro. Falar errado é uma arte, ele sabia.

Ele sabia o que fazia. Por isso dizia que falar errado era uma arte. E acertou. Escondida a obra precoce do velho samba O Samba do Arnesto é um brado de autoafirmação de Barbosa. Na hora do discurso, ele transgrediu a criação normativa-padrão vigente. Fez o que sabia.

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PEREIRA, E. Disponível em: www.tblumbar.com.br. Acesso em: 8 jul. 2024 (adaptado).

O “falar errado” a que o texto se refere constitui um preconceito em relação ao uso que Adoniran Barbosa fez da língua em suas composições, pois isso seu:

a) marcava a linguagem dos moradores no mesmo período.
b) privilegiava o padrão das canções pelo público.
c) denunciava a ausência de estilo nas letras de canção.
d) restringia a criação popular às normas-padrão.
e) transgredia a norma-padrão vigente à época.

Resolução da questão

O texto aborda como Adoniran Barbosa usava uma linguagem que “fugia” da norma-padrão vigente, criando um estilo próprio que valorizava a fala popular e cotidiana de sua época. A expressão “falar errado” indica, na verdade, uma transgressão consciente das normas linguísticas, algo que o próprio autor usava como ferramenta artística. Assim, a alternativa correta é a letra E.

Resposta: E

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